Feliz Páscoa para vocês
domingo, 20 de abril de 2014
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Casos Reais (Ou Não) #5-Casa Sem Fim
Deixe-me começar dizendo que Peter Terry era viciado em heroína. Nós éramos amigos na faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse “eu”. Ele largou depois de 2 anos mal feitos. Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno apartamento, não via Peter com muita frequência. Nós costumávamos conversar online as vezes (AIM era o rei na época pré-facebook). Houve um tempo que ele não ficou online por cinco semanas seguidas. Eu não estava preocupado. Ele era um notável viciado em cocaína e drogas em geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi entrando. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele me mandou uma mensagem.
“David, cara, nós precisamos conversar.”
Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca alcançou a saída final. As regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade, aproximadamente 7km da minha casa. Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era viciado em heroína e sabe lá em mais o que, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra qualquer um. Que não era normal. Eu não acreditei nele. Por que eu deveria? Eu disse a ele que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500 dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte. Isso foi o que aconteceu.
Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Eu andei através da construção e o o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.
Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como uma entrada de um hotel normal decorada para o Halloween. Um sinal foi colocado no lugar onde deveria ter um funcionário. Se lia “Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!” Eu ri e fui para a primeira porta.
A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei. Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.
Fui recebido por uma névoa assim que abri a porta do segundo quarto. O quarto definitivamente apostou alto nos termos de tecnologia. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos. Assustador. Eles pareciam ter em algum lugar da sala, uma trilha sonora em loop de Halloween que qualquer um encontra em uma loja de R$1,99. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tenham usado um sistema de PA. Eu pisei em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima área. Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar. A lógica voltou depois de alguns momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.
No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.
A primeira vista, parecia como um quarto normal. Havia uma cadeira no meio do quarto com piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema. Sombras. Plural. Com a exceção da cadeira, havia outras. Eu mal tinha entrado e já estava apavorado. Foi naquele momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.
Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez. Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu conclui que as sombras eram um produto da minha imaginação. Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da sala. Olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar no próximo quarto.
O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de contar. Não conseguia ouvir nada. Estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som, ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia. Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.
Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia que era lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca tinha sentido esse tipo de medo. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo. Não estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer. Tinha medo do que a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi. Nada. Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.
Antes que eu descreva o quarto 5, você deve entender algo. Eu não sou um viciado. Nunca tive história de abuso de drogas ou qualquer tipo de psicoses além das alucinações na minha infância que eu já mencionei, e elas eram apenas quando eu estava realmente cansado ou tinha acabado de acordar. Eu entrei na Casa sem Fim limpo.
Depois de cair do quarto anterior, minha visão do quinto quarto foi de costas, olhando pro teto. O que eu vi não me assustou, apenas me surpreendeu. Árvores tinha crescido no quarto e se erguiam acima da minha cabeça. O teto desse quarto era mais alto que os outros, o que me fez pensar que eu estava no centro da casa. Me levantei do chão, me limpei e olhei ao redor. Era definitivamente o maior quarto de todos. Eu sequer conseguia ver a porta de onde eu estava, os vários arbustos e árvores devem ter bloqueado a minha linha de visão da saída. Nesse momento eu notei que os quartos estavam ficando mais assustadores, mas esse era um paraíso em comparação ao último. Também assumi que o que estava no quarto quatro ficou lá. Eu estava incrivelmente errado.
Conforme eu andava, comecei a ouvir o que se poderia ouvir em uma floresta, o barulho dos insetos se movendo e dos pássaros voando pareciam ser as minhas únicas companhias nesse quarto. Isso foi o que mais me incomodou. Eu podia ouvir os insetos e os outros animais, mas não conseguia vê-los. Comecei a me perguntar quão grande essa casa era. De fora, quando eu caminhei até ela, parecia como uma casa normal. Era definitivamente na maior parte da casa, já que tinha quase uma floresta inteira. A abóbada cobria minha visão do teto, mas eu assumi que ele ainda estava lá, por mais alto que fosse. Eu também não via nenhuma parede. A única maneira que eu sabia que ainda estava dentro da casa era por causa do chão compatível com o dos outros quartos, pisos escuros de madeira. Continuei andando na esperança que a próxima árvore que eu passasse revelaria a porta. Depois de alguns momento de caminhada, senti um mosquito no meu braço. O espantei e continuei. Um segundo depois, senti cerca de dez mais deles em diferentes lugares da minha pele. Senti eles rastejarem para cima e para baixo nos meus braços e pernas, e algum deles foram para o meu rosto. Eu me agitava freneticamente para espantá-los mas eles continuavam rastejando. Eu olhei para baixo e soltei um grito abafado, mais um ganido, para ser honesto. Eu não vi um único inseto. Nenhum inseto estava em mim, mas eu conseguia senti-los. Eu ouvia eles voando pelo meu rosto e picando a minha pele, mas não conseguia ver um único inseto. Me joguei no chão e comecei a rolar descontroladamente. Eu estava desesperado. Eu odiava insetos, especialmente os que eu não conseguia ver ou tocar. Mas eles conseguiam me tocar, e estavam por toda parte.
Eu comecei a rastejar. Não tinha ideia para onde estava indo, a entrada não estava a vista, e eu ainda não tinha visto a saída. Então eu apenas rastejei, minha pele se contorcendo com a presença desses insetos fantasmas. Depois do que pareceu horas, eu achei a porta. Agarrei a árvore mais próxima e me apoiei nela, eu dava tapas nos meus braços e pernas, sem sucesso. Tentei correr mas não conseguia, meu corpo estava exausto de rastejar e lidar com o que quer que estivesse no meu corpo. Eu dei alguns passos vacilantes até a porta, me segurando em cada árvore para me apoiar. Estava a poucos passos da porta quando eu ouvi. O zumbido baixo de antes. Estava vindo do próximo quarto, e era mais profundo. Eu podia quase senti-lo dentro do meu corpo, como quando você está do lado de um amplificador em um show. O sensação dos insetos em mim diminuiu quando o zumbido ficou mais alto. Assim que eu coloquei a mão na maçaneta, os insetos se foram completamente, mas eu não conseguia girar a maçaneta. Eu sabia que se eu soltasse, os insetos voltariam, e eu não voltaria para o cômodo quatro. Eu apenas fiquei ali, minha cabeça pressionada contra a porta marcada 6, minha mão trêmula segurando a maçaneta. O zumbido era tão alto que eu não conseguia nem me ouvir fingir pensar. Eu não podia fazer nada além de prosseguir. O quarto 6 era o próximo, e ele era o inferno.
Fechei a porta atrás de mim, meus olhos fechados e meus ouvidos zunindo. O zumbido me rodeava. Assim que a porta fechou, o zumbido se foi. Abri meus olhos e a porta que eu fechei sumira. Era apenas uma parede agora. Olhei em volta em choque. O quarto era idêntico ao terceiro, a mesma cadeira e lâmpada, mas com a quantidade de sombras corretas dessa vez. A única real diferença é que a porta de saída, e a que eu vim, tinham sumido. Como eu disse antes, eu não tinha problemas anteriores nos termos de instabilidade mental, mas no momento eu sentia como se estivesse louco. Eu não gritei. Não fiz um som. No começo eu arranhei suavemente. A parede era resistente, mas eu sabia que a porta estava lá, em algum lugar. Eu apenas sabia que estava. Arranhei onde a maçaneta estava. Arranhei a parede freneticamente com ambas as mãos, minhas unhas começaram a ser lixadas pela parede. Cai silenciosamente de joelho, o único som no quarto era o incessante arranhar contra a parede. Eu sabia que estava lá. A porta estava lá, eu sabia que estava apenas lá, sabia que se eu pudesse passar pela parede.
- Você está bem?
Pulei do chão e me virei rapidamente. Me encostei contra a parede atrás de mim e vi o que falou comigo, e até hoje eu me arrependo de ter me virado.
A garotinha usava um vestido branco que descia até seus tornozelos. Ela tinha longos cabelos loiros que desciam até o meio das suas costas, pele branca e olhos azuis. Ela era a coisa mais assustadora que eu já tinha visto, e eu sei que nada na vida será tão angustiante como o que eu vi nela. Enquanto eu a olhava, eu via a jovem menina, mas também via algo mais. Onde ela estava eu vi o que parecia com um corpo de um homem maior do que o normal e coberto de pelos. Ele estava nu da cabeça ao dedão do pé, mas sua cabeça não era humana, e seus pés eram cascos. Não era o diabo, mas naquele momento poderia muito bem ter sido. Sua cabeça era a cabeça de um carneiro e o focinho de um lobo. Era horrível, e era como a menininha a minha frente. Eles tinham a mesma forma. Eu não consigo realmente descrever, mas eu via os dois ao mesmo tempo. Eles compartilhavam o mesmo lugar do quarto, mas era como olhar para duas dimensões separadas. Quando eu olhava a menina, eu via a coisa, e quando eu olhava a coisa, eu via a menina. Eu não conseguia falar. Eu mal conseguia ver. Minha mente estava se revoltando contra o que eu tentava processar. Eu já tive medo antes na minha vida, e eu nunca tinha estado mais assutado do que quando fiquei preso no quarto 4, mas isso foi antes do sexto. Eu apenas fiquei ali, olhando para o que quer que fosse que falou comigo. Não havia saída. Eu estava preso lá com aquilo. E então ela falou de novo.
- David, você deveria ter ouvido.
Quando aquilo falou, eu ouvi palavras da menina, mas a outra coisa falou atrás da minha mente numa voz que eu não tentarei descrever. Não havia nenhum outro som. A voz apenas continuava repetindo a frase de novo e de novo na minha mente, e eu concordei. Eu não sabia o que fazer. Estava ficando louco e ainda assim eu não conseguia tirar os olhos do que estava na minha frente. Cai no chão. Pensei que tinha desmaiado, mas o quarto não deixaria isso acontecer. Eu apenas queria que isso terminasse. Eu estava de lado, meus olhos bem apertos e a coisa olhando pra mim. No chão na minha frente estava correndo um dos ratos de brinquedo do segundo quarto. A casa estava brincando comigo. Mas por alguma razão, ver esse rato fez a minha mente voltar de onde quer que ela estivesse, e olhar ao redor do quarto. Eu sairia de lá. Estava determinado a sair daquela casa e nunca mais pensar sobre ela novamente. Eu sabia que esse quarto era o inferno e não estava pronto para ficar lá. No começo apenas meus olhos se moviam. Eu procurava nas paredes por qualquer tipo de abertura. O quarto não era muito grande, então não demorou muito para que eu checasse tudo. O demônio continuava zombando de mim, a voz cada vez mais alta como a coisa parada lá. Coloquei minha mão no chão e fiquei de quatro, e voltei a explorar a parede atrás de mim. Então eu vi algo que eu não podia acreditar. A coisa estava agora diretamente nas minhas costas, sussurrando como eu não deveria ter vindo. Eu senti sua respiração na minha nuca, mas me recusei a me virar. Um grande retângulo foi riscado na madeira, com um pequeno entalhe no meio dele. E bem em frente aos meus olhos eu vi um 7 que eu tinha inconscientemente feito na parede. Eu sabia o que era. Quarto 7 estava bem onde o quarto 5 estava a momentos atrás.
Eu não sabia como eu tinha feito aquilo, talvez tenha sido apenas o meu estado no momento, mas eu tinha criado a porta. Eu sabia que tinha. Na minha loucura eu tinha riscado na parede o que eu mais precisava, uma saída para o próximo quarto. O quarto 7 estava perto. Eu sabia que o demônio estava bem atrás de mim, mas por alguma razão, ele não conseguia me tocar. Fechei meus olhos e coloquei ambas as mãos no grande 7 na minha frente. E empurrei. Empurrei o mais forte que pude. O demônio agora gritava nos meus ouvidos. Ele e dizia que eu nunca iria embora. Me dizia que esse era o fim, mas que eu não iria morrer, eu iria ficar lá no quarto 6 com ele. Eu não iria. Empurrei e gritei com todo o meu fôlego. Eu sabia que alguma hora eu iria atravessar a parede. Cerrei meus olhos e gritei, e então o demônio se foi. Eu fui deixado no silêncio. Me virei lentamente e fui saudado com o quarto estando como estava quando eu entrei, apenas uma cadeira e uma lâmpada. Eu não podia acreditar nisso, mas não tive tempo de me habituar. Me virei para o 7 e pulei levemente para trás. O que eu vi foi uma porta. Não a que eu tinha riscado lá, mas uma porta normal com um grande 7 nela. Todo o meu corpo tremia. Me levou um tempo para girar a maçaneta. Eu apenas fiquei lá, parado por um tempo, encarando a porta. Eu não podia ficar no quarto 6, não podia. Mas se isso foi apenas o quarto 6, não conseguia imaginar o que me aguardava no 7. Devo ter ficado lá por uma hora, apenas olhando para o 7. Finalmente, respirei fundo e girei a maçaneta, abrindo a porta para o quarto 7.
Cambaleei através da porta mentalmente exausto e fisicamente fraco. A porta atrás de mim se fechou, e eu me toquei de onde estava. Eu estava fora. Não fora como no quarto 5, eu estava realmente lá fora. Meus olhos ardiam. Eu queria chorar. Cai de joelhos e tentei, mas não consegui. Eu estava finalmente fora daquele inferno. Nem sequer me importava com o prêmio que foi prometido. Me virei e vi que porta que eu tinha acabado de atravessar era a entrada. Andei até o meu carro e dirigi para casa, pensando em o quão bom seria tomar um banho.
Assim que cheguei em casa, me senti desconfortável. A alegria de deixar a Casa Sem Fim tinha sumido, e um temor crescia lentamente em meu estômago. Parei de pensar nisso e fiz meu caminho para a porta da frente. Entrei e imediatamente subi para o meu quarto. Eu entrei lá e na minha cama estava meu gato Baskerville. Ele foi a primeira coisa viva que eu vi aquela noite, e fui fazer carinho nele. Ele sibilou e bateu na minha mão. Recuei em choque, ele nunca tinha agido assim. Eu pensei “tanto faz, ele é um gato velho”. Fui para o banho e me aprontei para o que eu esperava ser uma noite de insônia.
Depois do meu banho, fui cozinhar algo. Desci as escadas e me virei para a sala de estar, e vi o que ficaria para sempre gravado em minha mente. Meus pais estavam deitados no chão, nus e cobertos de sangue. Foram mutilado ao ponto de estarem quase identificáveis. Seus membros foram removidos e colocados do lado dos seus corpos, e suas cabeças em seus peitos, olhando para mim. A pior parte eram suas expressões. Eles sorriam, como se estivessem felizes em me ver. Vomitei e comecei a chorar lá mesmo. Eu não sabia o que tinha acontecido, eles nem sequer moravam comigo. Eu estava confuso. E então eu vi. Uma porta que nunca esteve lá antes. Uma porta com um grande 8 riscado com sangue nela.
Eu continuava na casa. Estava na minha sala de estar, mas ainda assim, no quarto 7. O rosto dos meus pais sorriram mais assim que eu percebi isso. Eles não eram meus pais, não podiam ser. Mas pareciam exatamente como eles. A porta marcada com um 8 estava do outro lado, depois dos corpos mutilados na minha frente. Eu sabia que tinha que continuar, mas naquele momento eu desisti. Os rostos sorridentes acabaram comigo, me seguravam lá onde eu estava. Vomitei novamente e quase entrei em colapso. E então, o zumbido voltou. Estava mais alto do que nunca, enchia a casa e tremia as paredes. O zumbido me obrigou a andar. Comecei a andar lentamente, indo em direção a porta e aos corpos. Eu mal conseguia ficar em pé, ainda mais andar, e quanto mais perto eu ia dos meus pais, mais perto do suicídio eu estava. As paredes agora tremiam tanto que parecia que desmoronariam, mas ainda assim os rostos sorriam para mim. Cada vez que eu me movia, os olhos me seguiam. Agora eu estava entre os dois corpos, a alguns metros da porta. As mãos desmembradas rastejaram em minha direção, o tempo todo os rostos continuavam a me olhar fixamente. Um novo terror tomou conta de mim e eu andei mais rápido. Eu não queria ouvir eles falarem. Não queria que as vozes fossem iguais a dos meus pais. Eles começaram a abrir suas bocas, e agora as mãos estavam a centímetros dos meus pés. Em um movimento desesperado, corri até a porta, a abri, e bati com ela atrás de mim. Quarto 8.
Eu estava farto. Depois do que acabara de acontecer, eu sabia que não tinha mais nada que essa porra de casa pudesse ter que eu não pudesse sobreviver. Não havia nada além do fogo do inferno que eu não estava preparado. Infelizmente eu subestimei as capacidades da Casa Sem Fim. Infelizmente, as coisas ficaram mais perturbadoras, mais terríveis e mais indescritíveis no quarto 8.
Eu continuo tendo dificuldade me acreditar no que eu vi na sala 8. De novo, o quarto era uma cópia do quarto 6 e 4, mas sentado na cadeira normalmente vazia, estava um homem. Depois de alguns segundos de descrença, minha mente finalmente aceitou o fato de que o homem sentado lá era eu. Não alguém que parecia comigo, ele era David Williams. Me aproximei. Eu tinha que dar uma olhada melhor, mesmo tendo certeza disso. Ele olhou para mim e notei lágrimas em seus olhos.
- Por favor…. por favor, não faça isso. Por favor, não me machuque.
- O que? – Eu disse. – Quem é você? Eu não vou te machucar.
- Sim, você vai! – Ele soluçava agora. – Você vai me machucar e eu não quero que você faça isso.
Ele colocou suas pernas para cima na cadeira e começou a se balançar para frente e para trás. Foi realmente bem patético de olhar, principalmente por ele ser eu, idêntico em todos os sentidos.
- Escute, quem é você? – Eu estava agora apenas a alguns metros da minha réplica. Foi a mais estranha experiência que eu tive, estar lá falando comigo mesmo. Eu não estava assustado, mas ficaria logo.
- Você vai me machucar, você vai me machucar, se você quer sair você vai me machucar.
- Por que você está falando isso? Apenas se acalme, certo? Vamos tentar entender isso. – E então eu vi. O David sentado lá estava usando as mesmas roupas que eu, exceto por uma pequena mancha vermelha bordada em sua camisa com um número 9.
- Você vai me machucar, você vai me machucar, não, por favor, você vai me machucar…
Meus olhos não deixaram o pequeno número no seu peito. Eu sabia exatamente o que era. As primeiras portas foram simples, mas depois elas ficaram mais ambíguas. 7 foi arranhada na parede pelas minhas próprias mãos. 8 foi marcada com o sangue dos meus pais. Mas 9 esse número era uma pessoa, uma pessoa viva. E o pior, era uma pessoa que parecia exatamente comigo.
- David? – Eu tive que perguntar.
- Sim… você vai me machucar, você vai me machucar… – Ele continuo a soluçar e a se balançar. Ele respondeu ao David. Ele era eu, até a voz. Mas aquele 9. Eu andei por alguns minutos enquanto ele chorava em sua cadeira. O quarto não tinha nenhuma porta, e assim como o 6, a porta da qual eu vim tinha sumido. Por alguma razão, eu sabia que arranhar não me levaria a nenhum lugar dessa vez. Estudei as paredes e o chão em volta da cadeira, abaixando a minha cabeça e vendo se tinha algo embaixo dela. Infelizmente, tinha. Embaixo da cadeira tinha uma faca. Junto com ela tinha uma nota onde se lia: Para David – Da Gerência.
A sensação em meu estômago quando eu li a nota foi algo sinistro. Eu queria vomitar, e a última coisa que eu queria fazer era remover a faca debaixo da cadeira. O outro David continuava a soluçar incontrolavelmente. Minha mente girava em volta de questões sem respostas. Quem colocou isso aqui e como sabiam meu nome? Sem mencionar o fato de que eu estava ajoelhado no chão frio e também estava sentado naquela cadeira, soluçando e pedindo para não ser machucado por mim mesmo. Isso tudo era muito para processar. A casa e a gerência estavam brincando comigo esse tempo todo. Meus pensamentos, por alguma razão, foram para Peter, e se ele chegou tão longe ou não. E se ele chegou, se ele conheceu um Peter Terry soluçando nesta cadeira, se balançando para frente e para trás. Eu expulsei esses pensamentos da minha cabeça, eles não importavam. Eu peguei a faca debaixo da cadeira e imediatamente o outro David se calou.
- David, – ele disse na minha voz, – o que você pensa que vai fazer?
Me levantei do chão e apertei a faca na minha mão.
- Eu vou sair daqui!
David continuava sentado na cadeira, mas estava bem calmo agora. Ele olhou pra mim com um sorriso fraco. Eu não sabia se ele iria rir ou me estrangular. Lentamente ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. Era estranho. Sua altura e até a maneira que ele estava eram iguais a mim. Eu senti o cabo de borracha da faca na minha mão e apertei ela mais forte. Eu não sabia o que planejava fazer com isso, mas sentia que eu ia precisar dela.
- Agora – sua voz era um pouco mais profunda que a minha. – Eu vou te machucar. Eu vou te machucar e eu vou te manter aqui. – Eu não respondi. Eu apenas o ataquei e o segurei no chão. Eu tinha montado nele e olhei para baixo, faca apontada e preparada. Ele olhou para mim apavorado. Era como se eu estivesse olhando para um espelho. E então, o zumbido retornou, baixo e distante, mas ainda assim eu o sentia no meu corpo. David olhou mim e eu olhei para mim mesmo. O zumbido foi ficando mais alto, e eu senti algo dentro de mim se romper. Com apenas um movimento, eu enfiei a faca na marca em seu peito e rasguei. A escuridão inundou o quarto, e eu estava caindo.
A escuridão em volta de mim era diferente de tudo que eu já tinha experimentado até aquele ponto. O Quarto 3 era escuro, mas não chegou nem perto dessa que tinha me engolido completamente. Depois de um tempo, eu não tinha nem mais certeza se continuava caindo. Me sentia leve, coberto pela escuridão. E então, uma tristeza profunda veio até mim. Me senti perdido, deprimido, suicida. A visão dos meus pais entrou na minha mente. Eu sabia que não era real, mas eu tinha visto aquilo, e a mente tem dificuldades em diferenciar o que é real e o que não é. A tristeza só aumentava. Eu estava no quarto 9 pelo que parecia dias. O quarto final. E era exatamente o que isso era, o fim. A Casa Sem Fim tinha um final, e eu tinha alcançado isso. Naquele momento, eu desisti. Eu sabia que eu estaria naquele estado pra sempre, acompanhado por nada além da escuridão. Nem o zumbido estava lá para me manter são. Eu tinha perdido todos os sentidos. Não conseguia sentir eu mesmo. Não conseguia ouvir nada, a visão era inútil aqui, e eu procurei por algum gosto na minha boca e não achei nada. Me senti desencarnado e completamente perdido. Eu sabia onde eu estava. Isso era o inferno. O Quarto 9 era o inferno. E então aconteceu. Uma luz. Uma dessas luzes estereotipadas no fim do túnel. Então eu senti o chão vir até mim, eu estava em pé. Depois de um momento ou dois para reunir meus pensamentos e sentidos, eu andei lentamente em direção a essa luz.
Assim que eu me aproximei da luz, ela tomou forma. Era uma luz saindo da fenda de uma porta, dessa vez sem nenhuma marca. Eu lentamente andei através da porta e me encontrei de volta onde eu comecei, no lobby da Casa Sem Fim. Estava exatamente como eu deixei. Continuava vazia, continuava decorada com enfeites infantis de Halloween. Depois de tudo o que aconteceu aquela noite, eu continuava desconfiado de onde eu estava. Depois de alguns momentos de normalidade, eu olhei em volta tentando achar qualquer coisa diferente. Na mesa estava um envelope branco com o meu nome escrito nele. Muito curioso, mas ainda assim cauteloso, juntei coragem para abrir o envelope. Dentro estava uma carta escrita à mão.
David Williams,
Parabéns! Você chegou ao final da Casa Sem Fim! Por favor, aceite esse prêmio como um símbolo da sua grande conquista.
Da sua eterna,
Gerência
Gerência
Junto com a carta, tinham cinco notas de 100 dólares.
Eu não conseguia parar de rir. Eu ri pelo que pareceram horas. Eu ri enquanto andava até o carro e ri enquanto dirigia pra casa. Eu ri enquanto estacionava o carro na minha garagem, ri enquanto abria a porta da frente da minha casa e ri quando vi um pequeno 10 gravado na madeira.
Creepypastas Clássicas #18-Jeff the Killer,o Banho de Sangue
Thaisa voltava normalmente da universidade, como fazia todas as noites. Mas naquela sexta-feira algo estava diferente. A moça não sabia se era o frio ou a densa névoa que tomava conta da cidade. Mesmo achando que algo estava estranho, a garota não se importou, pois estava mergulhada em outros pensamentos.
Caminhava ouvindo música no seu celular com um volume bem alto. No player tocava “Dust in the Wind” da banda Kansas. Thaisa pensava em todos os problemas que lhe cercavam.
Na faculdade seu tempo para a entrega de um trabalho final estava quase terminando. Ela não tinha muita culpa, afinal sua pesquisa mesmo lhe exigindo muito esforço, estava saindo melhor do que o esperado. A universitária resolvera fazer uma análise de algumas CreepyPastas, gênero textual moderno, que tinha uma forte força dentro da internet. Era um trabalho original e complexo. De qualquer modo era preciso se apressar, faltava muito para completar sua tese.
Já na sua vida pessoal, havia brigado com o namorado, fazia uma semana que eles não se falavam. Desde que começaram a namorar nunca haviam ficado tanto tempo desentendidos. Ruan as vezes não era um cara muito legal, na última briga do casal o rapaz acabara falando algumas bobagens. Não eram coisas sérias, mas a agressividade dele assustava um pouco Thaisa.
O som seguia rolando: “Dust in the wind, all they are is dust in the wind”, quando de repente a música parou e o único barulho que Thaisa passou a escutar era o do vento. Vento que parecia arranhar a noite. O som lembrava um mórbido assobio.
Tirou o celular do bolso e descobriu qual era o problema, a bateria havia acabado. Foi só nesse momento que a garota percebeu o quão vazia e escura estava a rua.
Olhou para trás e distante viu alguns estudantes. Isso a deixou mais tranquila e assim conseguiu continuar seu caminho.
Andou alguns metros e dobrou uma esquina. Faltava pouco para chegar em casa, apenas mais umas quatro quadras. Caminhou pelo canto da calçada, com os braços em volta do corpo para se proteger do frio.
Um barulho sobrepôs o som do vento noturno, barulho de latas de lixo sendo derrubadas. Thaisa quase deu um pulo, pois o som foi alto e repentino.
Com o coração disparado, a mulher olhou para trás.
Se tranquilizou ao descobrir que era apenas um vira-lata, que provavelmente estava procurando algo para comer.
Voltou a olhar para frente e acabou tomando outro susto, esse tão intenso quanto o anterior.
Na esquina logo a sua frente, a garota viu um homem muito estranho. Parecia uma estátua, pois estava totalmente imóvel. Devido a fraca luz da região o sujeito lembrava uma sombra. A moço conseguiu apenas distinguir a roupa do estranho. Ele usava o que parecia ser um casaco branco e na cabeça um capuz.
Thaisa passou a caminhar mais lentamente, teve a impressão de que o estranho estava lhe encarando.
Continuou seguindo e quanto mais se aproximava do homem, mais seus pensamentos ficavam macabros e sujos.
Havia tantas coisas ruins que poderiam lhe acontecer! E se o homem fosse um ladrão? Um estuprador? Em uma rua escura e vazia, qualquer garota ficaria assim ao ver um indivíduo parado na esquina como se lhe esperasse.
Os pensamentos se perderam quando enfim chegou o momento de passar pelo homem. Thaisa fez um pequeno desvio para o lado da rua e passou a poucos centímetros do desconhecido. Ele não se movimentou e a garota agradeceu à Deus por isso.
Depois de ter dado pelo menos uns vinte passos, ela teve aquela famosa sensação que muito já descreveram. A sensação de estar sendo seguida. Não quis olhar para trás, ficou com medo de que dessa vez não fosse um cachorro e sim aquele estranho cara que estava parado na esquina, lhe seguindo.
Resolveu tomar outra atitude. Passou a andar mais rápido e em cinco minutos avistou sua casa.
Sã e salva entrou em sua residência, deixou a mala em um lugar qualquer, checou as mensagens da secretaria eletrônica e foi até a cozinha.
Enquanto pegava a jarra de suco na geladeira, ouviu um longo uivo. O som lhe causou um calafrio. A lua cheia, o homem estranho, agora aquele som. Tudo era tão sinistro, parecia até um filme de terror.
Bebeu o suco e olhou a sua volta. Ficou feliz por estar dentro de sua casa.
Respirou fundo e resolveu que deveria tomar uma ducha antes de ir para a cama. E assim foi, tomou seu banho, que durou um bom tempo, pois a jovem estava exausta e no chuveiro acabou relaxando.
Quando saiu do banho, foi direto para o quarto. Nem acendeu as luzes. Caminhou as escuras para cama, precisava muito de uma boa noite de sono.
Mas antes de tentar adormecer, Thaisa teve uma surpresa. Já estava deitada, quando viu algo que paralisou totalmente seu corpo.
Em um dos cantos de seu quarto, logo ao lado do guarda-roupas, havia algo. Era um vulto, um homem.
A grande sombra estava parado na mesma posição que ela vira na rua, e novamente, mesmo não conseguindo ver seus olhos, a mulher entendeu, que estava sendo encarada.
Thaisa não conseguiu se mexer, nem gritar. O medo dominava seu corpo e então o pior aconteceu.
O homem se moveu e começou a caminhar em direção à garota. Chegou até os pés da cama e se inclinou para cima da mesma. Continuou a subir, indo em direção à vulnerável moça.
De quatro o intruso avançava, como um cachorro.
Lagrimas escorriam dos olhos da garota. Apenas gemidos baixos eram proferidos de sua boca, ela tentava implorar por sua vida, mas as palavras não se formavam, parecia que lhe faltava essa capacidade.
Thaisa era um presa e o desconhecido um caçador, que parecia estar morrendo de fome.
Mesmo estando frente a frente, o rosto do homem ainda continuava escuro, não era possível ver nada. A moça apenas sentia a respiração do maníaco em sua cara, uma respiração pesada, ofegante.
O visitante noturno então chegou mais perto, quase lhe beijando e Thaisa nesse momento reconheceu o rosto do maldito. Para ela aquilo não fazia sentido, não tinha como ser real.
Aqueles olhos negros, o largo sorriso, a pele branca como a neve. Era ele, o mais macabro e assustador. Sim, ele, aquele que a tanto tempo a garota estava acostumada estudar e pesquisar.
O monstro riu e baixo sussurrou:
- Shhhhhhhhhhhh, vá dormir…
A facada no pescoço veio logo na sequência. Foi um verdadeiro banho de sangue.
No dia seguinte, quando o namorado entrou na casa de Thaisa, com o objetivo de fazer as pazes, encontrou sua amada mutilada na própria cama. Os lençóis brancos haviam se transformado em vermelhos. O cheiro de morte impregnava o quarto.
Ruan demorou para chamar a polícia, não acreditava no que seus olhos viam. No desespero pegou Thaisa em seus braços e observou os grande ferimentos em seu corpo. Algo fora do normal havia atacado sua garota, algum tipo de animal, de monstro, muito forte.
No chão ele viu um bilhete. Pegou, e leu a seguinte mensagem que parecia ter sido escrita com sangue:
- Não se envolva, você pode ser o próximo!
O homem guardou a advertência no bolso. Decidiu que antes de falar com a polícia iria procurar uma forma de se vingar do maldito que acabara com a vida da mulher que seria sua futura esposa.
O tempo passou e as autoridades chegaram. Examinaram tudo e não deram muitas declarações. Coletaram o depoimento de Ruan e chegaram à conclusão de que não sabiam exatamente o que havia acontecido.
O caso acabou sendo arquivado com a explicação de que um possível maníaco poderia estar escondido na cidade. Foram feitas buscas, mas de nada adiantou.
Mal sabiam os policiais, que a moça havia sido vítima de uma das maiores aberrações dos últimos tempos, um homem-demônio, que era real e ao mesmo tempo uma lenda. Um monstro conhecido em toda a internet como Jeff, o Assassino.
Dois dias depois, enquanto pegava algumas de suas coisas na casa da falecida namorada, Ruan encontrou um pequeno manuscrito na mesa do computador, o título lhe chamou a atenção:
“Creepypastas! Uma nova maneira de se fazer terror!”
Inconscientemente pegou o documento e colocou debaixo do braço. Não tinha ideia de o quão poderoso era aquilo em que ele estava prestes a se envolver.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Teoria dos Games #2-Flappy Bird
Recentemente eu descobri um jogo no meu Smart Phone super viciante, se chama Flappy Bird você já deve ter ouvido falar, eu passei horas jogando, aqueles gráficos eram nostálgicos, me lembrava da minha infância quando eu passava dias e noites no Super Nintendo jogando super Mario World.
Mas última vez que joguei Flappy Bird eu tive uma experiência perturbadora.
Até aquele momento minha pontuação máxima tinha sido de 52. Eu abri o aplicativo, a principio o jogo estava normal, eu estava um pouco nervoso e ansioso quando quebrei meu próprio recorde, alcancei o 60 e meus dedos estavam quase suando, eu estava pronto para perder de propósito quando cheguei o cano numero 66.
Por alguma razão estranha o pássaro simplesmente caiu, mesmo que eu tinha certeza que iria conseguir ultrapassar esse cano parecia que havia uma parede invisível que não permitia eu continuar, então o pássaro caiu, eu percebi que havia algo mais estranho porque o jogo não tinha dado "Game Over", ele caiu diretamente no cano como se fosse uma passagem secreta, clássico dos jogos do Mario.
Eu fiquei feliz por duas razões, primeiramente que os criadores foram muito criativos em usar como referencia o jogo clássico do Mario para colocar uma "tela secreta" dentro do jogo e segundo que eu nunca tinha lido algum relato como esse então era provável que ninguém ainda tinha descoberto essa passagem dentro do jogo. Mas minha felicidade durou pouco, uma tela nova começou e as coisas perturbadoras também.
Era um cenário que parecia uma cidade pós apocalíptica, os prédios e casas do fundo queimavam e o subsolo parecia ter sido preenchido com esqueletos.
Outra diferença era para começar o jogo, ao invés de estar escrito a palavra "tap" que significa pressionar, tinha um retângulo preto com um texto em inglês, novamente referencia ao jogo do Mario. Eu tirei um print pelo celular para traduzir, e o que estava escrito era:
"Gnod, eu tenho acesso aos seus códigos. A "Devil Mate" percebeu o que você fez."
Sem me importar e sem entender a mensagem eu fiquei clicando na tela até o jogo iniciar.
O jogo começou com o famoso pássaro, mas desta vez ele era preto assim como os canos e seus olhos eram como se ele estivesse morto. Mesmo assim, cada vez que eu clicava no pássaro emitia um som de dor como se eu estivesse torturando ele. Eu bati em um cano e pensei que daria game over, mas não, ao invés disso um novo pássaro surgiu na tela quase transparente e esse novo não parava de gritar, era um som perturbador, eu não aguentaria isso por muito tempo, então os pássaros pararam no ar entre dois canos, se viraram como se tivessem olhando para mim com aqueles olhos mortos e falaram as palavras que nunca mais vou esquecer.
"I am Dead" (Eu estou morto)
Então os canos caíram esmagando aqueles pássaros jogando sangue por todo canto da tela, o visor rachou e o celular reiniciou.
Eu não sei o que aquela mensagem quis dizer mas assim que o telefone ligou eu desinstalei o jogo e comecei a escrever isso. Você não precisa acreditar em mim eu só estou escrevendo isso porque tenho medo de pesquisar sobre quem é "Gnod" ou quem é "Devil Mate". Mas tenho esperança que você seja mais corajoso e que quando descobrir compartilhe com o máximo de pessoas puder assim como eu estou fazendo.
Rituais #6-Risadas Pela Janela
Acredito que começa com um pesadelo de ser perseguido em uma sala com paredes que fecham sobre o sonhador. Muito clichê? Eu também pensava assim, e eu não acredito em nada dessa porcaria pessoalmente, mas quando eu descobri isso na internet, ele me surpreendeu muito profundamente.
Eu estava no Yahoo respostas quando eu entrei em uma seção muito estranha do site. Umas pessoas estavam falando muito secretamente sobre um homem (ou elfo como eles dizem) por alguns meses. Eu, então, verifiquei a internet para obter mais informações. Para obter essa informação eu tive que ir para centenas de sites estranhos que me deram vírus e porcarias que me fizeram adquirir um novo computador.
Você acorda depois do pesadelo com um barulho vindo de sua janela. Ele começa realmente baixo e a maioria das pessoas não têm qualquer aviso do mesmo. O barulho seguinte é mais alto. Depois disso, ele só fica mais alto e o espaço entre eles ficam mais curtos e mais curtos. A maioria das pessoas, mesmo os assustados e covardes, saem de suas camas. (Ou em qualquer outro lugar que eles podem estar dormindo) para ir e investigar. Às vezes as pessoas deixam uma seção de suas cortinas abertas, e às vezes não puxá-las é a pior coisa que você pode fazer.
Parece com um elfo. Muito pequeno e robusto. Uma barba facial com olhos redondos. Ele olha para você através de sua janela ou uma parte dela e te observa. Sorrindo. Se suas cortinas estavam fechadas e você as abrir para investigar o barulho você vai vê-lo. Na maioria das vezes você não pode vê-lo, mas ele pode ver você.
Algumas dicas para ajudar você a evitar um encontro com ele.
-Feche as cortinas completamente
-Mantenha as janelas fechadas e trancadas
-Mantenha o seu telefone celular ao seu lado para que você possa chamar a polícia se você tiver um encontro
-Fique na cama
-Fique quieto
-Não volte a dormir
-Não saia de sua cama
Se você deixou suas cortinas abertas ou um pequeno pedaço delas aqui vai algumas dicas
-Feche os olhos e finja que não viu nada
-Não olhe para ele
-Não saia da cama
-Discretamente chame a polícia
-Mantenha a calma e deixe a polícia fazer o trabalho
Acho que é hora de você ir para a cama....
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Vídeos Macabros #6-Obedece a la Morsa
Obedece a la Morsa é um vídeo antigo (e bizarro) na internet. Há vários boatos sobre ele.
O vídeo mostra Johnnie Baima, que sofreu abusos e doenças na infância, que fizeram com que ele se transformasse em um transexual anoréxico, mais conhecido pelo seu nome artístico, Goddess Bunny (Coelha Deusa).
Alguns dizem que o vídeo foi feito por uma seita satânica que utiliza de transexuais para seus fins lucrativos.
Dizem que há filiações dela em diversos lugares no mundo, como Alemanha (Bremerhaven), Portugal (Lisboa), e Brasil (Fortaleza). O vídeo é extremamente perturbador.
Muitas pessoas relatam ter sofrido de dores, alucinações, pesadelos, e até mesmo avistamento de vultos.
Assista se tiver coragem:
Contos Macabros #21-O Que os Animais Veem
Já notou como, em histórias de terror, os animais podem sentir espíritos que vocês (os humanos) não podem?
Já notou como os espíritos podem se mover incrivelmente rápido? Cientistas dizem que cães (e outros animais) não podem assistir TV, pois seus olhos são mais eficientes do que os nossos, e tudo o que vêem na TV é uma imagem ou apenas estática.
Basicamente, os vídeos são feitos de imagens rodando a uma alta taxa de velocidade, certo? Seria como se eu acelerasse um vídeo em até 100x, tudo o que se vê é estática, certo? A mesma coisa com cães.
Agora,e se os espíritos não são transparentes? Eles são completamente visíveis, mas eles se movem muito rápido para nós conseguirmos ver. Esse pode ser o motivo de que os animais podem vê-los e nos não podemos. Isso explicaria as sombras que você vê às vezes pelo canto dos seus olhos...
Ou que seu animal de estimação está encarando agora.
Eu acho que nunca saberemos, não é?
Destruindo Sua Infância #6-Contos de Fadas
Branca de Neve
Na história original da Branca de Neve, a "madrasta malvada" (que em algumas versões não é madrasta e sim sua mãe original) não cai de um penhasco como é mostrado no final do filme da Disney. Ela na verdade é forçada a vestir sapatos de ferro em brasa e dançar até cair morta. Outra bizarrice nessa história é a idade da branca de neve. Na versão dos Irmãos Grimm ela tem apenas sete anos, ou seja, príncipes pedófilos eram normais naquela época. E ao invés de dar um "beijo de amor", o principie carrega o CORPO MORTO (ou adormecido, se vocês quiserem) da branca de neve para seu palácio, para que assim ela estivesse sempre com ele (isso pode ser considerado um tipo de necrofilia?). Depois de algum tempo, um de seus servos, cansado de ter que carregar um caixão de um lado pro outro, resolve descontar suas frustrações dando uma baita SURRA na branca de neve. Um dos golpes desferidos no estômago faz com que ela vomite a maçã envenenada e assim volte à vida. Mas de todas as mudanças feitas através dos anos, a mais sangrenta foi em relação ao coração da Branca de Neve. Nas histórias mais antigas a rainha não pedia ao caçador para trazer só ele. Ela queria também outros órgãos principais como pulmão, fígado etc... fora isso ela também queria um jarro com seu sangue (acho que o caçador precisou mais que um cervo pra resolver isso). Vocês devem estar perguntando: "pra que tudo isso?". Simples, ela queria JANTAR a branca de neve! Bizarro não!?
A Bela Adormecida
Na história original da Branca de Neve, a "madrasta malvada" (que em algumas versões não é madrasta e sim sua mãe original) não cai de um penhasco como é mostrado no final do filme da Disney. Ela na verdade é forçada a vestir sapatos de ferro em brasa e dançar até cair morta. Outra bizarrice nessa história é a idade da branca de neve. Na versão dos Irmãos Grimm ela tem apenas sete anos, ou seja, príncipes pedófilos eram normais naquela época. E ao invés de dar um "beijo de amor", o principie carrega o CORPO MORTO (ou adormecido, se vocês quiserem) da branca de neve para seu palácio, para que assim ela estivesse sempre com ele (isso pode ser considerado um tipo de necrofilia?). Depois de algum tempo, um de seus servos, cansado de ter que carregar um caixão de um lado pro outro, resolve descontar suas frustrações dando uma baita SURRA na branca de neve. Um dos golpes desferidos no estômago faz com que ela vomite a maçã envenenada e assim volte à vida. Mas de todas as mudanças feitas através dos anos, a mais sangrenta foi em relação ao coração da Branca de Neve. Nas histórias mais antigas a rainha não pedia ao caçador para trazer só ele. Ela queria também outros órgãos principais como pulmão, fígado etc... fora isso ela também queria um jarro com seu sangue (acho que o caçador precisou mais que um cervo pra resolver isso). Vocês devem estar perguntando: "pra que tudo isso?". Simples, ela queria JANTAR a branca de neve! Bizarro não!?
A Bela Adormecida
Essa sim tem um passado bizarro. Nas primeiras versões, ao invés de espetar o dedo numa agulha e cair desacordada, a bela adormecida tinha uma "farpa" encravada debaixo da unha. Parece uma mudança pequena, mas ela nos leva ao ponto que realmente importa. Nessa mesma versão, o príncipe não é tão encantado assim, e resolve, digamos... se satisfazer na bela ainda adormecida. Depois de satisfeito, ele simplesmente vai embora (o Budd do Kill Bill não foi tão inteligente e acabou morto). Nove meses depois, a adormecida dá luz a gêmeos que, em busca de leite acabam acidentalmente chupando o dedo dela, retirando assim a farpa amaldiçoada.
E a coisa não para por ai, o príncipe que a engravidou (estuprou) continuou voltando (se é que vocês me entendem) durante os nove meses. Quando ele chegou lá e encontrou a bela, já não mais adormecida e com duas crianças, ele decidiu se casar com ela (pelo menos isso, né?), mas ele não poderia levá-la ao seu castelo, pois sua mãe era uma OGRA! (o feminino de ogro é ogra?) que tinha o habito de comer qualquer criança que aparecesse em seu caminho.
Por isso ele esperou alguns anos até que seu pai morresse e ele virasse rei para aí então poder levar sua mulher para seu reino. E assim aconteceu, mas na primeira viagem que ele fez, sua mãe ogra resolveu fazer o que todo ogro tem que fazer: comer seus dois netos, e não satisfeita, também sua nora. Mas, com a ajuda do cozinheiro a bela acordada conseguiu se esconder até o retorno de seu marido (rei “half-ogro”), que quando ficou sabendo dos planos de sua mãe (ogra) mandou mata-la. Bunito né!?
Em outras versões, o príncipe na verdade já era rei, e a mãe ogra era a esposa do rei, o resto é bem parecido. A esposa ciumenta quer, como vingança, comer (no sentido alimentício) os dois filhos bastardos do rei, mas acaba sendo descoberta e é queimada viva numa fogueira. Moral da história, se você encontrar uma mulher desmaiada num bosque, se divirta e não volte nunca mais; ou, se você for uma ogra, não tente comer seus netos; ou ainda, se você for uma mulher adormecida no meio do bosque, use cinto de castidade, ou ainda, não espete seu dedo numa agulha amaldiçoada!
Eu podia ficar nisso o resto da semana...
Cinderela
Esse é um dos contos de fadas mais antigos já registrados, e com a maior quantidade de variações também (+ou-700). Algumas versões envolvendo um peixe gigante no lugar da fada madrinha datam de 850AD! Em outras histórias a fada madrinha é na verdade uma árvore que nasce sobre o túmulo da mãe da Cinderela.
Uma das modificações mais brutais ocorre no momento em que as irmãs malvadas tentam calçar os sapatos de cristal para enganar o príncipe, numa versão bem bizarra da história, uma delas CORTA fora seus dedos do pé para vestir o sapatinho e assim enganar o príncipe. Mas ela é desmascarada pelos pássaros amigos da Cinderela, que mostram ao príncipe o sangue escorrendo pelos sapatinhos, e depois, como vingança, arrancam os olhos das duas irmãs que terminam suas vidas cegas e mancas.
Há ainda uma outra versão (na verdade, ela é tão diferente que alguns nem a consideram como uma versão e sim um tipo de CINDERELA ORIGINS) onde a Cinderela era filha de um rei viúvo (algumas vezes a própria Cinderela foi quem matou a mãe) que jurou nunca mais se casar, a não ser que encontre uma mulher tão bela quanto a falecida esposa, que tivesse os cabelos cor de ouro, e que conseguisse calçar os mesmos sapatos da finada (fetiche por pés sacou!?). Acaba que sua filha (Cinderela) preenche todos os requisitos, como 2 e 2 são 4, nada mais lógico que ele se casar com a própria filha.
Ela, por sua vez, na tentativa de fugir do casamento com seu próprio pai velho, barrigudo e incestuoso, foge pelo mar num armário de madeira (eu também achei estranho mais fazer o que, os caras eram criativos oras), no final ela consegue fugir, mas acaba do outro lado do mundo trabalhando como escrava na casa das irmãs malvadas, e daí pra frente começa a historia que vocês conhecem.
João e Maria
Essa por si só já é assustadora, afinal, um pai que larga os filhos na floresta para morrer de fome não é lá o tipo de coisa que se lê para crianças certo!? Mas, numa versão mais antiga, a madrasta má, que pressiona o marido a lagar seus filhos na floresta, e a bruxa má são a mesma pessoa. Achei isso bem esquisito, mas as duas personagens tem personalidade bem similar. Outra alteração feita durante os anos foi com relação à própria bruxa que, em certa versão da história, na verdade é um casal de demônios, e ao invés de cozinhar João, eles querem estripa-lo num cavalete de madeira.
Quando o demônio "macho" sai para uma caminhada, a "demônia" manda Maria ajudar João a subir no cavalete, assim, quando seu marido voltar, tudo já estaria preparado. A esperta Maria finge não saber como colocar João deitado e pede para a "demônia" mostrar como se faz. Quando ela deita no cavalete, João e Maria a amarram ela e rapidamente cortam sua garganta. Depois fogem levando o dinheiro e a carroça do pobre casal de demônios.
Chapeuzinho Vermelho
A história atual todos nós conhecemos: chapeuzinho vermelho, lobo mau, vovozinha e lenhador... Não preciso explicar certo!? Mas, na história original o lenhador não existe, na verdade a chapeuzinho e sua vovó são devoradas e pronto, parou por ai, nada de final feliz aqui.
Em outra versão ainda mais antiga, a chapeuzinho faz um Strip-tease pro lobo (que as vezes era representado por um lobisomem ou um ogro) para assim poder fugir enquanto ele esta "distraído". Existe ainda uma versão mais bizarra ainda da história, onde o lobo estripa a vovó e obriga a chapeuzinho a jantá-la com ele. A chapeuzinho, que não é besta, diz que precisa ir ao banheiro (que naquela época ficava do lado de fora das casas) e fugia. Percebam que, em todas as versões que citei, o lobo sempre se dá bem no final, de uma forma ou de outra.
A Pequena Sereia
A grande diferença nesse conto está em seu final. Ao invés de se casar com o príncipe e viver feliz para sempre, a pequena sereia na verdade é abandonada por ele logo após ela beber a poção mágica que lhe transforma em mulher. Mas, como tudo tem seu preço, a poção tem um pequeno efeito colateral: durante o resto de sua vida a pequena ex-sereia iria sentir uma dor tremenda nos pés, como se eles estivesse pisando constantemente em facas. Vendo a traição, alguém (juro que não consegui descobrir quem) oferece um punhal para que ela tenha sua vingança. Mas, ao invés disso, ela pula no mar e "morre" se dissolvendo em espuma. Bom, comparado com a chapeuzinho vermelho, essa é até bem tranquila.
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